domingo, 25 de abril de 2010

O CONTROLE DA INFORMAÇÃO NO PIAUÍ NA ÉPOCA DO ESTADO NOVO

Juntamente com o Estado Novo, Getúlio Vargas implantou também o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, que tem por finalidade monitorar a ação da imprensa escrita. Jornais de São Paulo e Rio, principalmente, são fiscalizados de forma minuciosa. Nenhuma notícia é publicada sem que passe, antes, pelo crivo dos censores oficiais.

Nos Estados, a situação é a mesma. Os interventores criam seus próprios departamentos de fiscalização da mídia. No Piauí, a vigilância é feita pelo DEIP, o famigerado Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda, que joga na clandestinidade todos os veículos de comunicação que "divulgarem informações contrárias aos interesses da Interventoria". O jurista Cronwell de Carvalho responde pelo órgão.

No Diário Oficial, a propaganda do Estado Novo e da Interventoria, representada por Leônidas: “Sua Excelência, o governador Leônidas de Castro, tem empreendido todo o esforço possível para compensar a carência de recursos financeiros do Tesouro Estadual no sentido de oferecer melhores condições aos seus concidadãos piauienses. Todos sabem o quanto ele se empenha em promover o desenvolvimento do Piauí. Não procedem, portanto, as críticas da oposição udenista, que em tudo vê defeito. O governador tem trabalhado, sim, e continuará trabalhando diuturmanente para dar continuidade ao processo de modernização por ele implementado. Água, energia, telefone, transporte público são apenas algumas das obras realizadas por Sua Excelência. Mas sem nenhuma dúvida seu maior legado para as futuras gerações será a saúde e a educação, tendo em vista a magnífica obra do Hospital Getúlio Vargas e, no campo educacional, a conclusão do Liceu Piauiense. Contabilizemos ainda a ação do Poder Público na abertura de estradas, que favorecem e facilitam a ligação com o interior do Estado, além de garantir acesso aos Estados vizinhos, o que antes se constituía em verdadeira tortura. Abrem-se logradouros, ampliam-se os existentes, melhora-se a paisagem urbana de Teresina e das principais cidades piauienses...”

Praça Rio Branco. Centro comercial de Teresina. O pulmão econômico-financeiro da Cidade Verde. Diariamente, milhares entram e saem dos estabelecimentos comerciais, onde se vende de tudo, desde roupas e perfumaria a produtos alimentícios e gêneros para o meio rural. Homens e mulheres visitam as casas comerciais num entra e sai que traduz a imagem de um formigueiro humano.

Há senhores de terno e gravata desfrutando do clima agradável que predomina sob as árvores no passeio da praça. Formam ali, naquele centro econômico e financeiro, um reduto das discussões do dia-a-dia, que não raro deriva para a mesa de bar ou encerra numa rodada de baralho num dos bares das cercanias ou ainda na assistência a esta maravilha da arte moderna que é o cinema. Em redor da praça Rio Branco florescem as casas de exibição cinematográfica, apresentando sempre novidades que atraem grande platéia.

Há poetas, jornalistas e intelectuais, informando, se informando e captando assunto para suas composições poéticas ou crônicas, publicadas geralmente em veículos de circulação esporádica.

É dali, da praça Rio Branco, que partem os mais variados comentários em torno da política local, seguindo em direções inúmeras, atingindo ou não o seu objetivo de traduzir a verdade dos fatos. Cada um, na prática, apresenta os acontecidos conforme a sua própria visão ou tendência política.

O partido do governo constroi uma realidade alternativa, em que Teresina é uma cidade próspera, em que o Piauí trilha os caminhos do desenvolvimento, em que a miséria existe mas não predomina "porque medidas são adotadas com vistas ao extermínio dessa precária e humilhante condição social de uma parte da população". Do outro lado, do lado da oposição, os fatos são tratados com exagero. Exagera-se na dose com que se relata a crueza dos dias para os menos favorecidos. Outra realidade alternativa, esta bem pior.

Quem olha para estes homens engravatados e trajando sempre a última moda; senhores que possuem na fisionomia o apelo da seriedade, quem olha para estes não imagina que sejam capazes de amenizar ou exagerar, mas é o que acontece. Uns amenizam, outros exageram; a realidade real só é vista e sentida por quem a vive, ou seja, o próprio povo, o cidadão comum, não raro chamado de "Zé Ninguém". Informação é poder, situação que não é, absolutamente, compartilhada com a maioria. Apenas uns poucos têm direito à informação verdadeira. Para a maioria, prevalece o que está escrito nas páginas do “Diário”.

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